
Uma boa premissa é capaz de vender um gibi melhor do que qualquer resenha. E possivelmente a gente não vai encontrar uma premissa melhor que essa por um bom tempo!
Num ambiente futurista, uma nave leva um grupo de pessoas para colonizar um novo planeta. Sabe-se lá o que aconteceu com o nosso, mas, pelo andar da carruagem, basta olhar pela janela pra ver que a coisa não vai lá muito bem. Um terrorista “separatista” infiltrado no grupo decide que a colônia está melhor sem eles e resolve matar todo mundo. No último momento, uma das tripulantes (a capitã talvez? Agora já não lembro), consegue desativar a diretriz de segurança da inteligência artificial e a própria nave elimina a assassina. Morreram todos os adultos, sobraram só as crianças, em uma nave falante, singrando pelo espaço. Pêi! Taí a sua premissa!
Como se isso não fosse o suficiente pra te interessar pela leitura, Sentient conta com uma arte bem bacaninha, uma edição luxuosa pela Panini (com formato maior que o americano), e, é claro, texto do Jeff Lemire, a quem eu já venho a algum tempo professando o meu amor.
A história se completa em um único volume e me deu a sensação de ter potencial para virar uma série. Mas o Jeff Lemire não tem esse tipo de tempo. O cara tá publicando uns trocentos livros pra não sei quantas editoras diferentes, então acho que ele nem quer esse problema pra ele. Talvez seja um dos únicos autores a passar por quase todas as editoras aqui do Brasil (Panini, Mythos, Nemo, Íntrinseca, Pipoca e Nanquim…) não sei nem como. Só no tempo que você demorou pra ler essa frase, já deve ter surgido uma editora nova e ela já anunciou mais um lançamento do Jeff Lemire no seu catálogo.

- Saiu no Brasil! Êêê! Pela Panini, ou seja, fácil de encontrar por aí ou comprar direto na loja deles ou nesse link aqui para ajudar a manter o site no ar!
- Volume único
- Leitura muito ágil, cada capítulo termina com um belo cliff hanger
- Arte bem funcional. Especialmente nos designs tecnológicos.
- Gostei muito das cores também!
- Conceito legal

- Como é comum acontecer na maioria das histórias com boas premissas, o final ficou um pouco aquem do ponto de partida. E talvez um pouco apressado. Uma história que poderia ser contada facilmente em três volumes. Por outro lado, quem tem esse tempo, não é verdade?
- Se a caracterização dos aparatos tecnológicos da arte é bem legal, com aquele arzinho de Katsuhiro Otomo, a caracterização dos personagens humanos é bem sem sal.
- O mesmo pode ser dito sobre a personalidade das crianças na tripulação, que poderia ser melhor desenvolvida no elenco de apoio.
- É meio violento pra quem não tolera violência
- Só capa dura.
Apesar de ter sido publicado pela Panini, não vi muita gente comentando sobre esse material. Então chegou a hora! Você leu? Não leu? Conversa comigo!