
No quarto do sótão daquele prédio perdido na Rua d’Auseil, o estranho idoso que atende pelo nome de Erich Zann, toca uma música deveras estranha, um som que não é um som.
Uma nova edição, ainda melhor!
Recebi e devorei a nova edição de A música de Erich Zann, de H. P. Lovecraft, adaptação de Gio Guimarães que agora foi licenciada pela Skript Editora. Você que já tinha lido a primeira edição, saiba que esta foi não só revista como aprimorada. Sim, o que já era excelente, ficou ainda melhor!
O enredo foi traduzido e adaptado pela própria Gio Guimarães. O texto desta segunda edição foi revisto e possui diferenças para a primeira edição (leia nossa resenha aqui). Além do quadrinho, ao final temos o conto traduzido por Daniel Fonseca, do Canal Formiga Elétrica. Este foi um adendo excelente, pois entrega ao leitor uma experiência completa. Tanto a adaptação em quadrinho, quanto o conto dão a perspectiva da grandiosidade desta história. O verso das capas tem arte de Yuri Perkowski Domingos.
Uma música que vai além do salutar
A história é narrada por um jovem estudante de metafísica. Dele, muito pouco sabemos além de que é muito pobre. Por conta disso, ele vinha sendo despejado por falta de pagamento de seus antigos logradouros. Nem mesmo seu nome é dito.
Ele acaba por conseguir um quarto em uma casa alta da Rua d’Auseil nos arredores de uma cidade francesa, provavelmente Paris. O nome da rua é uma pequena brincadeira de Lovecraft com a palavra auseil, que significa limiar. Nesta rua ele só encontra pessoas velhas morando, algo que lhe chama atenção.
O quarto onde se hospeda é barato e por isso se localiza no alto da casa. Lembre-se que é uma casa alta e sem elevador, logo, o custo mais barato é dos quartos superiores. Acima dele, no sótão, mora apenas Erich Zann, um senhor músico que na maior parte do tempo evita qualquer contato com outras pessoas. De noite, o velho pratica sua música com melodias estranhas e singulares.
A curiosidade do estudante aumenta na medida que os sons, semana a semana, tornam-se ainda mais estranhos. Sem qualquer spoiler, a situação chega ao extremo do horror cósmico e sem dúvida alguma A música de Erich Zann é um dos contos que mais gosto do autor. Somente a mente de H. P. Lovecraft poderia falar sobre uma música que não é uma música.
Considerações finais
Em suma, A música de Erich Zann é uma das melhores adaptações das obras de H. P. Lovecraft que eu já vi. Incrível como Gio Guimarães consegue através de sua arte dar ao leitor a impressão de toda a musicalidade da história. Sua arte é impactante e casa de forma magnífica com o conto. Ao final, estamos estupefatos com a obra.
Se você é curioso e pretende se aventurar pela criação de H. P. Lovecraft, este sem dúvida alguma é um excelente ponto de partida. Para os fãs de longa data, um deleite certamente.
Espero que tenha uma excelente leitura!
Vivemos uma época incrível para quem gosta tanto de quadrinhos, como de H. P. Lovecraft. Proliferam inúmeras excelentes adaptações em quadrinho e já trouxemos algumas por aqui. Curtiram? Deixa ai nos comentários…

Por: Daniel Braga
Pai de uma mulher, nerd, analista de sistemas especializado em infraestrutura, poeta, board game designer e sommelier de cervejas. Adora jogar board games e ouvir jazz anos 30/40, Dead Can Dance e rock and roll. Curte muito o gênero de horror e tudo relacionado, principalmente as boas leituras como Lovecraft, Blackwood, Machen e muitos outros.