
Não podemos falar de horror e não pensar em velhas mansões mal assombradas, tão carregadas de histórias e lendas que pesam sobre os ombros daqueles que ousam permanecer sob seu teto. Vamos adentrar com Shirley Jackson na Casa da Colina por nossa própria conta e risco!
Este foi meu primeiro contato com o texto de Shirley Jackson, que por sinal é muito fácil de ser lido. Escrito em 1959, sendo seu quinto romance, ela nos coloca em uma estranha casa que é famosa pelas suas míticas situações paranormais. Ali um professor resolve guiar um experimento levando um grupo de jovens na intenção de fazê-los vivenciar as ditas anomalias. Sem se dar conta do perigo que correm a estadia na casa acaba por se tornar bastante traumática.
O texto é tão fluido que favorece muito a ambientação do leitor na amaldiçoada casa. Fica fácil se sentir dentro daquele lugar nefasto e assim imaginar claramente os momentos tensos por corredores e portas nas quais se perder é a única certeza plausível. A mansão traz em si uma história própria e antiga que tempera o sobrenatural perfeitamente. Uma inocência de época é sentida e balanceia a tônica paranormal em algumas páginas mas é também usada como ferramenta de preparação às cenas mais pesadas. Isso segue em um crescente muito interessante te levando a um final inesperado.

Fonte: Wikipedia
A californiana Shirley Jackson (1916-1965) se tornou uma das maiores autoras americanas do século XX tendo influenciado grandes nomes como Neil Gaiman, Stephen King e Richard Matheson entre muitos outros. Com certeza um nome a ser anotado em nossa lista de autores de horror.
Baseado neste livro Mike Flanagan criou a série A Maldição da Residência Hill (em inglês The Haunting of Hill House) que está disponível até a presente data no catálogo da Netflix. Não existem spoilers sobre a série de TV à frente, fique tranquilo.
Eu vi a série antes de ler o livro e são duas coisas completamente diferentes. A leitura do livro para mim era praticamente obrigatória pelas minhas pesquisas dentro do tema do horror mas em nada lembra a série do Netflix a não ser pela própria casa, os nomes dos personagens que são usados na família da TV e o casal de caseiros. Ele se baseou no livro mas não o adaptou fielmente, isso é importante que fique claro.
A série de TV te leva a uma experiência mais intensa de horror enquanto o livro segue em uma linha de vivência da própria descida à insanidade sem se prender em maiores explicações. Os dois, livro e série de TV, devem ser degustados mas nem todos vão curtir ambos pelo distanciamento que acabam tomando um do outro. Certo é que o livro é uma das mais famosas histórias do gênero do século XX e a série de TV foi elogiadíssima em vários sites internacionais. Para mim a série vai muito bem até o final, que eu particularmente não gostei.
Percebemos então como os autores atuais buscam recorrentemente inspiração no antigo. No caso do horror isso é bastante presente e por mais que nossa época seja tão permeada de tecnologia e efeitos especiais as grandes mentes antigas do horror mundial são fontes inesgotáveis de ideias e inspirações. Por isso que sempre digo que ler é o mais importante caminho que nos leva aos cantos mais obscuros da mente humana.
O livro A assombração da Casa da Colina está à venda em várias livrarias, sites e editoras. Não deixe de conseguir sua cópia física ou virtual (sim, eu leio muito e-books e meu Kindle é um amigo inseparável).
Quando resolvemos adentrar neste mundo tétrico é natural que façamos estas viagens no tempo para ter contato com as mentes antigas que criaram e ajudaram a termos o gênero de horror tal qual temos hoje. Espero que tenha sido uma dica valiosa assim como foi para mim. Se puder deixe seu comentário. Nos vemos na próxima!

Por: Daniel Braga
Pai de uma mulher, nerd, analista de sistemas especializado em infraestrutura, poeta, board game designer e sommelier de cervejas. Adora jogar board games e ouvir jazz anos 30/40, Dead Can Dance e rock and roll. Curte muito o gênero de horror e tudo relacionado, principalmente as boas leituras como Lovecraft, Blackwood, Machen e muitos outros.