
Que bonito é ver todo mundo comentando o Oscar, né? Os vencedores, as melhores piadas, quem não merecia ter ganhado… Ajuda a gente a esquecer a eterna decepção que é o Universo Cinemático da DC Comics. E aproveitando o fato de que este foi o único outro filme da DC que ganhou um Oscar, trago de volta afáveis memórias dos idos de 1988, com a estréia da Força Tarefa X nos quadrinhos brasileiros. Popularmente conhecidos como o Esquadrão Suicida!
O Esquadrão foi publicado pela primeira em uma minissérie da DC Comics chamada Legends, de 1986. No Brasil a mini saiu com o nome de Lendas (d’oh) em meados de 1988. A equipe só surgiu mesmo lá para a edição #3, muito embora personagens como Amanda Waller e Rick Flag tenham aparecido nas edições anteriores, arquitetando seus planos. A equipe era inicialmente formada pelos vilões Tigre de Bronze, Pistoleiro, Capitão Bumerangue, Magia e Arrasa-Quarteirão. Pra constar, a equipe que foi pros cinemas acabou sendo uma mistura de várias outras formações da original, obviamente. A Arlequina nem sonhava em nascer, gente. Relaxa.
Quando saiu por aqui pela Abril, foi como parte do mix da revista Liga da Justiça Internacional entre 1989 e 1993. Que eu já falei aqui (clica no link, clica!) e é uma das coisas mais maravilhosas dos quadrinhos desde sempre e eu guardo no coração essa equipe e nada do que você comente vai me fazer pensar o contrário!
Mas não dá pra falar de Esquadrão Suicida sem falar dos “criadores”, claro. E sim, entre aspas mesmo. Em um artigo escrito pelo próprio John Ostrander em 2016, ele relata o backstory de como o gibi surgiu. Pra quem tem preguiça de ler em inglês, ele conta como a idéia surgiu de um editor da DC na época, Robert Greenberger. “Se você quer escrever algo pra gente, por que não o Esquadrão Suicida?”, sugeriu. A equipe tinha surgido anteriormente em um gibi de 1959, onde a tal equipe lutava na Segunda Guerra. E Ostrander rebateu com uma pergunta muito válida:
“Esquadrão Suicida? Que nome idiota! Quem em sã consciência entraria prum grupo com SUICIDA no nome?”.
A resposta veio imediatamente depois, óbvio. Bandidos, vilões, supercriminosos, pessoas que não teriam outra escolha a não ser aceitar uma proposta dessas. O resto é história.

O Pistoleiro que não tem nada a ver com o Will Smith e a Magia que não tem nada a ver com a Cara Delavigne.
O bom do Esquadrão na verdade era o fato de que o gibi era escrito por duas pessoas. John Ostrander e sua esposa Kim Yale. O trabalho em conjunto era muito bem complementado onde cada um escrevia sua parte e depois revisava a parte do outro. Sem contar que as idéias eram sempre mais “pé-no-chão” o possível (considerando que era um gibi de super-vilões). Ostrander sempre buscou problemas reais para colocar nas histórias, envolvendo a política da época, ataques terroristas, e outras coisas que, lembrem-se, em 1986 ainda não eram tão comuns. (NÃO É MESMO, ESPECIAL DO 11/SETEMBRO DO HOMEM-ARANHA?) Kim Yale era o outro lado que ajudou a equipe de vilões a ser uma das mais diversas na época, bem antes da gente começar a falar em diversidade nos quadrinhos.
No fim, os dois foram os principais responsáveis pela ressuscitação de vários personagens de segunda e terceira categorias da DC Comics. Tudo por que nenhum editor se importava o suficiente com eles, ou porque estavam ocupados demais com o pós-Crise. Foi assim que o Pistoleiro ganhou um imenso backstory. Que o Capitão Bumerangue ficou conhecido como o maníaco babaca que é hoje em dia. E foi assim que, pasmem, Barbara Gordon virou a Oráculo! Depois de Piada Mortal, a DC colocou a Batgirl na geladeira e foram Ostrander e Yale que tiraram ela do limbo pra usá-la em suas histórias.
Em suma, o Esquadrão Suicida “original” (afinal de contas o que é original de verdade hoje em dia?) deixou muitas saudades.

- Amanda Waller. The Wall. Sério, toda e qualquer história da DC só teve a ganhar com a introdução dessa personagem nos quadrinhos. Não consigo sequer imaginar como seriam as séries animadas da Liga da Justiça e do Batman, sem a presença de Amanda Waller, por exemplo. E aquela cena inesquecível dela enfiando o dedo na cara do Batman?
- Personagens dispensáveis. Não no mau sentido, péra. Antes mesmo dos Expendables do Stallone e da “imprevisibilidade” de Game of Thrones, o fato de usarem personagens que ninguém queria, dava uma liberdade aos criadores de eliminar quem quisessem em suas histórias. A cada edição, ninguém sabia quem voltaria vivo pra seguinte.

- Cópias. Reza a lenda que tudo que a DC faz, a Marvel copia e faz melhor (pergunta pro Caruso). Só que neste caso o que a Marvel fez de mais parecido foram os Thunderbolts e… bem… a gente não fala dos Thunderbolts.
- O filme. Desculpa, gente, mas o filme foi uma bosta. Tem Oscar, mas foi uma bosta. #polêmica #mamilos #marvete
Queria muito que a Panini lançasse um encadernado com as histórias do Esquadrão Suicida desta época. Seria uma boa ler tudo de novo sem os cortes ou as “adaptações” que a Abril Jovem normalmente fazia pra caber tudo no formatinho. Por enquanto, acho que só importando via Amazon e lendo em inglês. Se você tem condições, acho que super vale a pena. Tem as edições mais novas também, com uma equipe mais parecida com a do, ahem,”filme” que eu, honestamente, como burro elho que sou, não faço a menor ideia se presta ou não.
De qualquer maneira, a equipe original merece pelo menos umas três rebobinandos e meio,vai? 📼/2📼📼📼

Por: Kadu Castro
Quadrinista, criador do “Escalafobético, O Ornitorrinco” ( e ainda esperando o sucesso). Professor de Inglês. Fã de quadrinhos. Aprendeu a desenhar vendo o Jim Lee, mas é fã mesmo do Scott McCloud. Acessórios vendidos separadamente. Não inclui pilhas.