
Preciso confessar que quando eu vi o tamanho desse mangá… eu tive medo. Acho que talvez tenha sido o volume mais… volumoso de um mangá que já vi na vida. Não deveria nem se chamar Mangá, deveria se chamar Sumô. Mas eu respirei fundo e comecei a minha jornada virando a primeira página. E aí não parei mais!
Eu achava que Adolf seria um mangá contando a história de Hitler. Me enganei completamente. Quer dizer, a história de Hitler estava lá, mas no meio de uma trama muito bem engendrada, com ares de thriller policial e ação, que te faz voar pelos capítulos. A trama é a seguinte: o irmão de um jornalista japonês é assassinado após descobrir uma informação muito importante sobre o fuhrer em ascenção. Isso leva o jornalista a investigar, inconformado, os responsáveis por esse crime, desdobrando uma vasta rede conspiratória que envolve de políticos à prostitutas, todos atrás dessa valiosa informação. Em paralelo, acompanhamos o crescimento de dois meninos chamados Adolf, um judeu e outro filho de um alemão e uma japonesa, crescendo em Tóquio. Aos poucos, as três tramas (a do jornalista, a dos meninos e a do próprio Hitler) vão se cruzando e se distanciando, conduzidas com verdadeira maestria pelo autor.
Aliás, o autor é Ozamu Tesuka, ninguém menos que o pai dos mangás, uma espécia de Walt Disney oriental. E aí entra outra confissão que eu preciso fazer: até começar a ler o primeiro volume, eu achava o traço do Tesuka (posso chamar assim? Tenho intimidade pra isso? Bem, eu achava o traço do Tesukão) cartunesco demais para uma história “séria”. Tive que engolir meus preconceitos página à página, porque o storytelling desse homem é mesmo impressionante.
E o final da trama… o final da trama é de tirar o fôlego. Me senti no cinema, ouvi a trilha subindo e as pessoas chorando ao meu lado. Realmente… épico. Recomendo.
Mais um ponto pra Pipoca & Nanquim!

- Saiu no Brasil! Êêê!
- História completa em dois volumes.
- O cuidado editorial da Pipoca & Nanquim é realmente caprichadíssimo, com um material extra na medida certa.
- Trama especialmente envolvente
- Uma temática fundamental de se ler hoje em dia, especialmente. A ascenção do nazismo, o negacionismo dos seus seguidores, os últimos dias do Hitler no poder, tudo isso tem uma ressonância muito poderosa com diversos aspectos atuais que estamos vivendo. Eu fiquei bem impressionado.

- Preto e branco, mas não chega a ser desvantagem, quase todo mangá é preto e branco.
- O tamanho assusta (alguém segura o Michael Scott!!!)
- O traço pode causar algum estranhamento na primeira folheada (mas pode ser só comigo)
- Chutaria que essa seja a leitura para quem é mais atento, pois os dois jovens Adolfs por exemplo têm diferenças sutis e até hoje eu confundo quem era pai de quem.
- Não chega a ser uma desvantagem, mas fica aqui o aviso: obviamente esse aí deve ser lido no sentido oriental de leitura, da direita pra esquerda. Se você nunca leu algo assim, nunca é tarde para aprender!
E aí, quem leu? Quem descobriu que seu amigo de infância virou nazista recentemente?
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